Falando sério (II)

Hein? Não. Prometo. Falar sério não vai virar rotina por aqui. Afinal isso nada tem a ver com o foco deste informativo. E... Não, Não são problemas deste escriba com a (falta de ética) fórmulaunesca. Afinal, de falta de ética, bastam os eventos que a gente tem por aqui.

Me aproveitando do posto de Publisher e proprietário deste informativo, eu gostaria de expressar o meu pesar com o passamento de Colin McRae. Bem... Sou fã de WRC. Nada, no mundo da velocidade, é tão empolgante e desafiador do que o rali. Nem mesmo aquela tal de Fórmula 1, que os caras fizeram o favor de destruir na última semana.

Comecei a acompanhar a categoria depois do advento da TV Paga -que, para algumas coisas, foi bem benéfica. E, nesta época -final da década de 90-, o WRC era bem mais divertido. Ainda não tinha sofrido com os constantes ataques de Max Mosley e Bernie Ecclestone contra a popularidade e a ação que a categoria proporcionava, muito mais interessante que aquela categoriazinha medíocre que rende os bilhões de dólares para eles...

Pois bem. Voltando à vaca fria -e, prometo, sem mais tanta ranhetisse... McRae foi o principal responsável pela minha admiração e respeito por esta categoria. Ele foi um verdadeiro artista do volante. Ao vê-lo em ação, você entendia o significado de pilotar rápido. Era isso que ele fazia. Andava no limite do carro. E, como bônus, ainda trazia o entretenimento tão importante para a divulgação do esporte. Voava mais longe, andava de lado por mais tempo, exigia o máximo do carro...

Ele não era perfeito. Errava de vez em quando. Mas, quando o fazia, demonstrava outra de suas virtudes. A raça. E partia para descontar o tempo perdido por causa de seu erro. Assim, não era tão raro vê-lo com o carro destruído -mas pisando fundo no da direita, como se nada houvesse de errado.

Por tudo isso, foi um dos grandes do esporte. Foi um dos maiores vencedores de ralis, e conquistou um título mundial. E será sempre lembrado como tal. Mesmo depois da sua saída do WRC no final da temporada 2003, continuou sendo um grande embaixador da velocidade, correndo em outras categorias. Enfrentou o desafio do Dakar -primeiro com a Nissan, depois com a Volks-, correu as 24 Horas de Le Mans -pela Prodrive, de seu amigo David Richards.

Porém, nunca negou que gostaria de voltar de nunca deveria ter saído. E dizia querer voltar ao WRC. Afinal, apesar de ter corrido duas vezes pela Skoda em 2005 -quando deu um show no Rali da Austrália-, e pela Kronos/Citroen no ano passado, no Rali da Turquia, ele não havia recebido um convite para voltar à categoria. E a sua volta, na próxima temporada, era cogitada, já que o WRC perderá outro ídolo ao final deste ano -já que Marcus Gronholm pendurará o capacete ao final desta temporada.

Mas apareceu o problema no helipcótero. E todos os planos foram por água abaixo.

Enfim. Um grande sujeito, que será sempre lembrado por seu carisma e habilidade. Por isso, foi lembrado por Valentino Rossi -fã declarado da categoria- depois da vitória do Doutor em Estoril.

McRae não era apenas "o cara do game", cuja perda será lembrada apenas pela descontinuação da série de joguinhos com a sua marca. Sim, a série era impressionante -a melhor dentre os games de rali-, mas ele era muito mais do que isso.

Sabemos que o que foi escrito aqui não consegue, nem de longe, dimensionar o tamanho e a importância do cara, mas... Fica aqui a nossa lembrança e homenagem sincera. Obrigado Colin McRae.

Kohara (o Marcio),
Publisher do Worstlap

[momento merchand on]
P.S. Fiz um texto para o BestCars falando sobre esta grande perda, e um sentimento triste, mas familiar. Fica o convite para a leitura. Link direto aqui.
[momento merchand off]