O que realmente nos intriga

Só uma coisa intriga a redação de Worstlap. Hein? Punição? Não. Não é a punição. Qualquer um que acompanhe com um pouco de atenção a Fórmula 1 há algum tempo deve ter chegado à conclusão que o Conselho Mundial da FIA não é exatamente um local onde se possam esperar grandes atitudes contra meliantes confessos. Não é a primeira vez. Parece, aliás, o Senado brasileiro. Mas, como já estouramos a nossa cota de off-topics do mês, não iremos falar sobre isso.

O que ficou mal contado hoje foi o auê feito feito pela imprensa, acusando a Autosport de uma barriga sem tamanho. Isso é engraçado. O semanário inglês é um dos mais bem informados noticiosos especializados em automobilismo do mundo. Sempre se adianta, normalmente acerta, e tudo fica bem. Às vezes exagera um pouco, é verdade. Mas é confiável. Hã? Não. Nem sempre a liçãozinha do crédito (citar as fontes noticiosas) ensinada no primeiro ano das faculdades de jornalismo é lembrada. Tem gente que dá como se fosse notícia apurada internamente...

Por outro lado, tem os Bild da vida, que chutam toda hora, sempre erram, e sempre são usados como base para as notícias diárias da nossa imprensinha... Ah! Raikkonen na Toyota? Alonso na Renault? Hamilton na Ferrari? Não precisa muito. Os alumãos publicam, e, meia hora depois, é capa em todos os sites especializados...

Pois bem. O que acontece neste dia histórico? Uma assessora da FIA dá uma bobeada e não ouve uma frase ("a punição PODERIA ser [...] se não fosse a Mclaren primária"). Sai na portinha da seu escritório, junta a rodinho de jornalistas alvoroçados, fala que a punição saiu, e que a Mclaren tomou um gancho histórico.

Pronto. Caiu o mundo. "PAREM AS MÁQUINAS!", diriam nossos colegas mais antigos... E, como normalmente acontece, a Autosport se adianta e dá o furo mundial. A imprensa mundial copia.

Cinco minutos depois, descobre que não é bem assim, a dona assessora da FIA desmente o dito anteriormente e todo mundo cai do cavalo. De novo. Não bastou a lição do caso do texto dos e-mails fictícios entre Alonso e De La Rosa, divulgados pela Autosprint, tomados como factível, não faz nem uma semana atrás. Novamente, uma barriga daquelas históricas. Homéricas! Vexatórias para a classe.

Mas, na era em que o importante é conseguir copiar mais rápido, ninguém tá nem aí. E todo mundo dançou bonitinho. A assessora da FIA entuchou um sapo cururu goela abaixo de toda a imprensa mundial. Agora, a culpa? É do cara da Autosport. Lógico! Como é que o cara me dá uma notícia dessas sem checar? Como é que pode?! Como é que ele me erra assim?! A gente pode errar e ele não.

Mas... Se o mesmo informativo dá notícias do Bild, como é que ele tem a pachorra de reclamar de uma barriga do Autosport? "Por cinco minutos, site de revista dá punição como certa"... Ou seja, eles que erraram. Na hora de dizer que puniu, ninguém disse nada...

Hein? Não. Worstlap não está recebendo um turu do Autosport. A gente se enxerga. Eles estão alguns bilhões de anos luz à nossa frente, e a gente não tem nada a ver com isso. Agora. Tem coisa que não dá pra entender. Como se usa dois pesos e duas medidas para um mesmo problema? Como é que a gente pede desculpa por um pum na sala e não pede por um pum na cozinha? Ninguém pediu desculpas por ter dito que os emails divulgados pela Autosprint eram de mentirinha...

Claro que houve o erro. Porém, a Autosport publicou o pedido de desculpas. E mantém até agora, dizendo que erraram e tal. É o correto. O duro é o pessoal que esconde as notícias erradas embaixo do tapete.

E... Veja como é a vida. E não é que teve site copiando até o pedido de desculpa da Autosport? A cada dia que passa a gente vê que não viu quase nada na vida...